segunda-feira, 22 de março de 2010

A entrevista ao Maestro Agostinho Lourinho

Publicamos hoje a primeira parte da primeira entrevista daquelas que serão os testemunhos da nossa Banda. Ao ritmo do maestro da Banda da SFUMA, Agostinho Lourinho.

- Estás prestes a fazer 4 anos enquanto maestro desta banda, qual o balanço do teu percurso?


O balanço é positivo. Naturalmente que estes 5 anos considero-os um caminho que a gente está a percorrer. Um caminho com alguns altos e baixos, naturalmente, mas que considero positivo. Muita coisa foi mudada em vários aspectos, que são fundamentais: a nível artístico, a
nível da postura da Banda, comportamento da Banda, funcionamento do grupo. Nesse aspecto considero positivo.

- Quanto aos objectivos que tinhas quando iniciaste este percurso, concretizaste-os ou alteraram-se de alguma forma?

Bem, eu inicialmente tinha o que posso considerar um projecto que tinha em mente para aqui. Não foram todos concretizados, sinceramente não foram, e tenho pena que não estejam a ser concretizados da maneira que eu queria ou eu desejava, mas também tenho a consciência que o porquê deles não se estarem a concretizar é o dever-se ao facto monetário.

- Tendes a adoptar uma perspectiva derrotista nos períodos de maior adversidade?

Eu não considero assim. Até porque não me considero um derrotista. Eu percebo a tua pergunta porque quase que é uma pergunta específica em relação a um caso que já se deu aqui na casa. Eu queria dizer que, neste caso, com aquela acção que fiz era sim um sentimento de revolta contra a forma como as coisas estavam a funcionar. Porque não há um ‘porquê’ das coisas funcionarem mal. Quando temos todas as condições para que tudo corra bem, que os serviços e tudo mais corram bem e por uma coisa muito pequena, que é insignificativa, deita um trabalho abaixo, não me considero derrotista, foi sim uma acção de revolta.

- Com a responsabilidade de estar à frente de uma Banda que conta mais de 150 anos sem qualquer paragem, sentes esse peso?

Claro que sinto [risos]. Sinto porque também, agora sou maestro, mas já vesti a camisola e, é claro, que naturalmente o meu objectivo passa por aí também. Este objectivo enquanto maestro é seguir o caminho, sempre para a frente. Mais cento e cinquenta.

- (Ao longo dos 150 anos da Banda destacam-se várias personalidades. No entanto o uno não representa o todo.) Relativamente ao tempo em que eras ainda músico podemos dizer que este é um grupo mais unido?



- Consideras que as implicações que podem advir dessa união podem passar sobretudo por uma melhoria da qualidade a nível conjuntural?

Claro. Eu considero que somos todos a puxar para o mesmo. Estamos todos no mesmo barco e neste sentido eu vejo as pessoas, cada um, - de todos – a ter o seu sentido de responsabilidade e de querer fazer bem e de preocupação que as coisas corram bem. E quando essa ideia é geral basta ser um a um, mas o conjunto ganha todo.

- Quanto a musicalidade. É notória a tua preferência por repertório de autores portugueses. Qual a explicação?

Não existe uma explicação específica. Tenho todo o prazer, e penso que a nível nacional também devia ser assim, as bandas tocarem sempre obras de autores portugueses. Acho que isso era muito bom inclusive até para o país e para as bandas do país. Por outro lado, não é uma escolha específica; não vou tocar aquela obra porque é de um autor português, escolho a obra por aquilo que ela é, e depois por curiosidade é de um autor português.


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